1192 - A Eterna busca - 17/05/2016
A
Eterna busca
O simbólico insere um
indivíduo no plano real, mas a representação pura e fria do simbólico não é
suficiente para gestar este indivíduo. Há necessidade de um vínculo de
representação com o biológico que se torna o alicerce de um saber emanado pelas
percepções colhidas através dos estímulos provenientes do ambiente.
Então o processo de
linguagem incorpora o simbolismo deste indivíduo dentro de uma rotina de
feições que coordenam acordos de fusionamento da libido, do desejo, apreensões,
sentimentos, prazer, desprazer, necessidades, gozo, motricidade e afetações
neurais.
Este processo de
justaposição do simbólico gera um mecanismo psíquico que enlaça sobre si mesmo
e ao se fusionar com uma entrância de modelo biológico lança mão de um estigma
que surge como resultante de um complexo sistema de respostas visualizado como
uma simbolização que remete a uma impressão ou significação justaposta sobre a
própria “pele” de um indivíduo.
A busca se incorpora neste
processo de linguagem em que o indivíduo passa a ser uma criatura desejante,
onde a sua pulsão passa e emergir significativamente e a conduzir os estados
projetivos deste indivíduo.
O sujeito por vezes se apascenta
em gestar o que ele ainda não absorveu que se encontra provisório em seu
intelecto para condicionar a uma expectativa de um dia obter aquele elo tão
desejado.
Até que um dia a busca se
torna um delírio do não atingível e do não alcançável, onde este indivíduo não
consegue mais se colocar sobre o ambiente sem este sujeito da falta que
representa uma parte de si encapsulado.
E quando encontra, o
mecanismo que se funde a idealização mnêmica, por vezes é incapaz de reconhecer
aquele elemento estímulo que conduz a pacificação da mente em torno de um eixo
de satisfação que se presume interromper a sequência desejante, ou seja, o Id,
para incorporar o elemento à sua procedure normal de trabalho que conduz este
indivíduo a um estado de consciência plena, em torno do tributo conquistado.
Sendo esta conquista de fato
se ancora na busca e não na resolução do conflito. Onde a âncora da existência
deste indivíduo está no percorrer do caminho que se constrói como uma
idealização de um imaginável que agrada em termos de sonoridade este indivíduo
que navega por um oceano de agitações.
E de repente nada faz
sentido para o ser que percorre estacionar em um porto, porque o seu atrativo
está sobre as ondas do alto mar que trafegam infinidades de correntes que fazem
a brisa deslizarem sobre os seus olhos e percorrer um sentido de realização
navegante de um por vir que nunca se finda, ao não esvaziar a sensação do
trajeto que é um ilusório percurso de uma idealização órfão de um porto que
venha a abrir o seu coração navegante.
Como um barco à deriva o
navegante percorre os mares, na excitação de cada onda, de cada horizonte em
que o céu se afunda sobre a superfície do infinito plano que se dobra à frente,
e esta sensação é suficiente para colher as impressões do por vir, sem de fato
querer que este porvir viesse a se cristalizar como um ponto seguro que o
objetivo translúcido faz emergir a consciência deste desfiladeiro de emoções.
A procura não sinaliza o
porto, mas busca pelas marés o seu alento como forma de encontrar aquele
movimento perfeito que o fará percorrer – um barco que trafega sem se preocupar
se o sol está à bombordo ou se o vento está contra o leme.
Porque o fundamental de toda
a busca é a subjetivação que se cria com o que poderia ser caso encontrasse.
Razão em que o esperado emerge como uma suposição a uma conduta que deve ser
objeto de atenção, foco e consulta que prende o indivíduo como a um filme que
transcorre imagens, reproduzidas em processos de simbolização como falas dos
personagens que passam a ter sentido para o ser navegante.
E quando o porto se faz
presente na vida de quem navega, é o indivíduo um ansioso em voltar para o mar,
porque seu objetivo não está em descobrir o seu ponto seguro, mas sim de ter a
sensação de que ele se aproxima, enquanto cultua todos os atributos decorrentes
deste movimento que invade o ser deste indivíduo incessantemente em torno de
seu objeto de realização.
Mas a realização do desejo
não está na foz, está nos acontecimentos que se sucedem diante das incertezas
da vida. Um anônimo percorrer de um caminho em que o ilusório sentido faz mais conexão
com a fabricação da lucidez deste indivíduo do que o ponto de eustresse de sua
ação planejada.
Não se privilegia neste caso
a falta, e sim um existir contínuo que é regido por uma sonora nota melódica
que irá ditar a frequência em que este ser deseja se dedicar enquanto a
desculpa de seu objetivo mestre não lhe chega até os seus sentidos.
Então o homem torna-se uma
canção desejosa de repetição para fazer desta jornada um hábito a percorrer
seus sentidos parnasianamente, até que a ilusão se cristalize e ele possa
incorporar outro ativo para fazer parte de sua elocubração de vida. Porque é a
viagem que importa, e não o ponto final, objeto de destino das excitações que
repousa o coração de um homem.
Autor: Max Diniz Cruzeiro
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