1202 - A Eterna Escola - 25/05/2016
A
Eterna Escola
O barqueiro de nossa metáfora
do navegante é um eterno aprendiz. Ele passa a habitar na região onde existe um
real empobrecido que não se compreende direito, mas que coexiste uma preponderância
da intercepção deste imaginário com o simbólico.
Sendo este imaginário um
mergulho na luneta do almirante que deve o navegante tentar resgatar um real
indefinido que não se sabe se lá no infinito onde o céu dobra existe um rochedo
ou uma ilha.
Porém o simbólico é muito
incipiente, e se apodera deste imaginário para escamotear o seu presente. O
real fragilizado passa a ter densas explicações no plano simbólico sendo
encapsulado neste inconsciente que torna o devir do homem um prazer pela
descoberta de um tesouro antes não absorvido.
Esse simbólico é mais ameno,
se permite bordejar mais tranquilamente em mares calmos, e mesmo nos mares
bravios é capaz de captar a intensidade dos ventos e das ondas, e trabalhar
dentro de uma incipiente precariedade do saber, mas que é vista por pouco
tempo, porque logo a sabedoria está enclausurada.
Não quer o navegante de fato
entregar a mercadoria, ele quer compreender a essência do deslocamento que o
faz transportar a carga que está contida no porão na nau.
Este é um caminho sem volta,
ou quando se pretende voltar, se encontra com a satisfação de se compreender o
abismo e sem que com isto tenha necessidade de se macular perante as pressões
do ambiente.
Porque o entendimento que o
indivíduo é capaz de gestar em seu simbólico tangencia de forma lúdica o
imaginário e permeia pelo real dentro de oitavas em conteúdos que possam ser
nomeáveis para o bem deste simbólico que tudo racionaliza.
O simbólico ganha status de
realeza, porque é capaz de dobrar o real dentro de um nível de experimentação
do imaginário, em que o ilusório é apenas uma configuração primitiva que
abastece pulsões para o encontro de uma pulsão de vida que afasta o turbulento
encontro da morte.
Não tem outro sentido para o
homem da metáfora do navegante que percorrer uma linha imaginária de uma
corrente marítima que o levará para a proximidade do seu destino, sendo o porto
o pretexto para uma nova compreensão de um porvir que o espera racionalizado.
E é senão o interesse deste
homem de tomar proveito de tudo que possa ser nomeável, tanto que esteja no
percurso, como as coisas que irão compor este percurso.
Ocupação serena maior não há
para alimentar esta pulsão de vida, para alimentar toda a tripulação com o melhor
banquete de batatas que poderia um comensal apreciar.
Se ora este navegante se vê
como cancioneiro, se estuda a canção, se ora este navegante está aflito com a
tempestade que se aproxima, se estuda a tempestade, se as horas passam além da
necessidade da dispensa, se estuda uma forma de dispersar a fome.
Porque o simbólico predomina
na significação deste indivíduo. Como se ele se apropriasse de tesouros que o
permitirão ter o domínio sobre si mesmo e o ambiente que o cerca, e fazer com
que essa nau não fuja para lugar nenhum.
Pois lugar algum, há de
encontrar os significantes desta metáfora do que na essência que emerge deste
homem que transmuta tudo que segue um contexto dentro de sua vontade de viver.
E quando o Pai é nomeado é
como se o mar se aquietasse, porque ele é construtor de todo o entendimento que
brota deste processo seguinte na forma de uma racionalidade e de uma
consciência que torna o destino deste homem para si, algo percebido.
E assim pode o homem promover
escolhas através desta nau que passa por correntes, ora tortuosas, ora serenas.
Porque ele é sabedor de si mesmo. Capaz de mudar o curso de seus designos para
incorrer apenas nos erros que ainda não foi capaz de nomear, mas que uma vez
nomeados é capaz de compreender as fendas que se formam de sua transcrição, a
fim de incorporar o entendimento necessário para gestar a sua paz e
tranquilidade.
Porque o homem é sabedor da
sua limitação, porque o Pai assim designa para este homem o que é essencial
apenas para incorporar o seu processo corrente, e assim sendo, este homem não
tem outra alternativa de ser pequeno perante as vicissitudes deste real
incompreensível, corpulento e infinitamente grande.
Então o homem é sabedor de que
nada sabe. E não sabendo se anula para continuar eternamente aprendiz, para o
contínuo incorporar deste real inomeável que a fina realidade cinde a todo
momento em constantes frames de excitação.
Porque o conhecimento é puro,
porém como um homem é capaz de tocar a pureza? Senão apenas tangenciá-la sem
com isto afetar a sua integridade do existir.
Porque o homem é sabedor do
nada, e isto o deixa intranquilo para prosperar sobre o que ainda estar por
vir. Porque a incerteza é só uma questão de tempo. Uma questão de didática, de imersão
de uma metonímia, ou de uma ampliação através de uma metáfora.
Em que as coisas emergem e
fazem sentido para este indivíduo, porque ele o é. E uma vez se tornado a Ser é
uma questão de tempo vir a ser nomeável. Para habitar o mar da tranquilidade. E
muitas feições para designar sua forma de coexistir.
Porque viver é para muitos,
Ser é para poucos, ainda mais quando a nomeação exige consciência e estímulo a
si mesmo, sem mesmo nunca sair da pequenez deste real abundante, SER UM ETERNO
APRENDIZ.
Autor: Max Diniz Cruzeiro
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