1204 - O Eterno Cancioneiro - 26/05/2016
O
Eterno Cancioneiro
Ora vento baila em oitavas na
face, ora a salmoura presente no vento rufa as narinas, num candeeiro incenso
matinal sob as gralhas das gaivotas marinhas em pleno oceano longe de Gênova.
Assim, se sente o marinheiro
francês longe que encontrou na costa italiana um motivo angelical para fazer
sua vida fluir. E como um afresco, a escultura do saber da pessoa amada que
está no velho continente, a espera pelo barco se enlaçar no horizonte de volta,
sente que este simbólico pode aproximar sua verdade pela busca da amada em paragens
longínquas.
Então a música é uma melodia
que se constrói com um devir que infla o peito assim como o lastrear de uma
bandeira no convés do navio, para triunfante jamais esquecer desta pátria cujo
pensamento central é o desejo de constituir família com este afresco italiano.
O que importa é como se
manipula este real, para suavizar a relação com ele, sem perder o vínculo com a
docilidade que a fragrância do momento possa proporcionar de excitabilidade
para o indivíduo que hospeda no navio.
Então o hóspede usa o seu
imaginário para produzir uma tela destas nuvens e deste horizonte que simula um
encontro numa perspectiva especular entre portas e janelas do absinto onde cada
uma delas contém a minha vontade de viver.
É um caminho infinito de uma
casa que se dobra além-mar, como se aportasse toda minha inquietude e meu
desejo de estar contido dentro deste afresco italiano num processo metonímico
de acoplamento de um significante fusionado a um significado de outro
significante de valor integral.
Mas a necessidade de preservar
o afresco que simula a perfeição que está em Gênova faz necessário desta
tripulação a construção de artefato que iniba a ação dos raios solares sobre o
meu jardim de excitações esquematizados na forma de um quadro que construo uma
cena do irrealizável.
Como se a obra compusesse a
própria obra, e estando elas cindidas, algo interliga por meio de um aposto,
concluo: em que as partes se entrelaçam e se conectam mesmo distantes.
Assim se constrói a canção na
metáfora do navegante, que encontra um motivo para se alegrar em cada obstáculo
encontrado e vencido, em cada gesto e olhar que se eleva uma delicadeza de um
construtivismo que remete a uma grande noção de família.
Onde o sentido negativo do
gozo farto, não inibe o sentido de unidade de fazer repousar este navio no cais
do porto de destino. Porque a alma é grande, enquanto o raciocínio é pequeno,
porque o percorrer é nobre, enquanto o tédio não se sustenta, porque a música é
canção para os passos, enquanto que a verdadeira música é a arrebentação das
ondas do mar sobre o casco deste navio que percorre sua sina de se encontrar
com o porto.
Se a perspectiva alterna, o
fixar caminho para onde o coração leva, mas pode o porto ser mudado como objeto
de destino, porque a maré é mais propícia ao desembarque de uma carga preciosa
mais ao sul, mas, porém, o referencial do afresco nunca irá mudar o trajeto da
significação do elixir para quem não se ilude em amar.
Mas como pode ter o pensamento
em várias nações, uma nação que é Pátria, e outra que é afresco, e uma terceira
que é entrega de mercadoria. Então este simbólico se afeta para harmonizar na
forma de enlace todos estes circuitos que não se fundem. Para não trazer o
ócio, o desespero e o rufar de um coração: saudades; que enclausura este
indivíduo na forma de uma linguagem que não se domina, contida numa mensagem de
significantes, que quer dizer nada, mas ao mesmo tempo tudo o que se sente.
Porque a voz fala como canção,
onde o coração sente, mesmo que os corpos nunca se extasiam com contato físico
impossível, pois apenas a fricção do atrito do casco do navio é permitida a estibordo
quando a corrente marítima circunda a embarcação, tirando este marinheiro do
seu sonho e que é necessário agir para que as velas sejam estiradas.
Esse sonhar contínuo alimenta
um imaginário que abstrai deste real, sutilezas, que ancoram em um simbólico na
forma de pensamentos que ajudam no convívio de uma viagem lúcida e longa. Onde
o delírio do sonho não é capaz de transpor a realidade, porém se farta de um
possuir não possuído, de um encontrar não revelado que não se hospeda e nem se
encontra de fato, porque sexo é pura ilusão, pois na realidade os corpos nunca
se possuem de fato um com outro.
Mas a mesma sensação dos
sonhos é aquela que entorpece no fluir desta metáfora do navegante, que leva o
marinheiro a intensificar e a verbalizar sua procura, sua busca, sua
expectância, sua luta, seu saber, sua aflição, sua escola e seu raciocinar por
um caminho que conduz a sua amada Gênova.
Porque lá repousa o labirinto
do seu eu ideal. Lá está o verdadeiro motivo de se viver. Não importa quantos percalços
os mares colocam no caminho, porque a canção sustenta o fluxo de ideias, enquanto
os corpos não se aderem à passagem.
Porque o suor é manifestação da
lida. E primeiro se deve construir a segurança para que o amor não se consuma
no primeiro iceberg quando o navio se deriva para terras gélidas.
Enquanto isto minha alma
cativa do seu desejo assume a canção de cantarolar, para flertar meu coração
errante, sempre em oitavas que levam a compreensão deste afresco. Para emergir
em estrutura condicionado a uma identificação com a imagem que se projeta além
do percurso do navio. Que ao mesmo tempo não é sofrimento, não é dor, mas uma
profundidade que se hospeda na intenção de ter este amor em uma região que
apenas ambos habitam: dentro de um princípio de unicidade de um saber que se
instala e que não pode ser mais alcançado por nenhum outro indivíduo a não ser
o par alado.
Autor: Max Diniz Cruzeiro
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