1206 - O Eterno Taberneiro - 26/05/2016

O Eterno Taberneiro


O simbólico é um fanfarão que quer o desfrute deste real agradável que toca o imaginário com um gole de cerveja. O estímulo da lida durante a árdua jornada de trabalho faz com que a tripulação da metáfora do navegante, consuma suas energias para se refrescar no calor de lampiões e lamparinas no refeitório da embarcação.

O pão está à deriva entre um solavanco e outro; e a bebida à mercê da arrefação das águas do mar que muito contribui para mecanismos interligados de manutenção da temperatura do shop.

O queijo caucasiano quando tem, cai bem com um vinho que ao ser colocado por sobre a mesa abastece o imaginário da tripulação com histórias de corsários, piratas, e toda sorte de interferência das atividades do navio.

Um fenômeno neste contexto acontece, de se observar uma libertação do imaginário para fazer fluir um simbólico do que estava represado num real praticamente estático diante os convidados de um banquete dentro da nau.

O álcool parece liberar as pulsões, e não se sabe se é o navio que balança ou se é o barqueiro que faz o movimento de se distanciar ou se represar sobre as plataformas do pé de apoio em que se estrutura o seu corpo.

Se observa um simbólico frouxo, intensificado pelo gole que aquece e um real que foge da expectativa deste indivíduo, que deve ser buscado por processo de camuflagem, por intermédio de um imaginário somatizado que traz à luz as lembranças de um algo não antes concebido para ser dito a luz de lampiões e lamparinas.

Mas que coexiste um sentido de realidade que liberta o indivíduo para se subjetivar e colocar para fora toda sua angústia e depressão, que a fase de lucidez latente não permitia ao SER esboçar este sujeito significado por um simbólico oculto represado no inconsciente deste indivíduo.

E de repente tudo começa a cintilar e a fazer sentido na vista destes homens. O copo que entorna não é mais o copo do sentido puro, é o copo do chiste, do gozo e do escárnio. E toda tripulação corre em anedotas de si mesma proferidas com assombro sobre o outro rivalizado que é motivo de manobra da excitação que pulsa sobre si mesmo sem mesmo perceber sendo o outro o motivo de deleite da gargalhada que encarcera o grupo em alegria.

Porque o que está em jogo aqui é a vazão de uma hipérbole do navegante, onde o afrouxamento do simbológico permite a vazão do significante para uma expansão em torno de si mesmo que não o foraclui, mas que o integra numa lente projetiva de si mesmo que amplia sua capacidade de atuação, fazendo que que a metáfora do navegante se dobra dentro dela mesma escamoteando derivações do significante primordial (S1) sofra réplicas aproximadas de si mesmo ampliando estados corporais mais semelhantes a um algo que se tangencia e transborda ao mesmo tempo em diferentes espaços dentro do cérebro S1, S’1, S’’1, S2, S’2, S3, S’3, S4, S5,...).

E esta expansão consentida, é uma expulsão do indivíduo de algo aprisionado que elucida algo represado que estava contido e esperando o momento oportuno de extravasamento.

Então é hora da segunda rodada de Cerveja, todos felizes nesta altura já esqueceram as diferenças do convés. E dançam sentados balançando de um lado para outro a canção melódica que aquece as lembranças das amantes que estão em terra firme a espera de seus maridos para que a saudade seja consumida num gozo total de base concordante em que permita um fundir-se ao outro em plenitude.

Os braços se entrelaçam nas costas um dos outros imitando uma canção metafórica de ninar, sem perder o caráter masculino da tripulação. Os homens falam de suas paixões, libertam os seus temores, sofrem caçoadas e choram pela liberdade longe de suas amantes, porque desejam ser prisioneiros nos braços de suas amadas.

Esse é um simbólico reprimido e inconsciente que vem à luz tímida e triste do chiste, mas que vem a ser objeto quando se lança sobre o Grande Outro, amigo e companheiro de infortúnio que também está em escala delirante diante de si, como um Pai externo que neste momento se põe a ouvir e a compactuar com suas angústias e contradições que nada tem a oferecer além disto.

O imaginário por vezes é enfraquecido pela tendência que este real simula apresentar o despertar de uma lembrança que manipula o frágil real pela constância do cenário, a derivar as (h)istórias produzidas por este mecanismo de afetação.

Na solidão absoluta os tripulantes passam a dialogar com as coisas, como se os objetos fossem outros seres de relevância a fabricar um processo de transferência, que a figura do analista, - o copo -, é o perfeito coadjuvante que tudo suporta e é incapaz de fazer uma contratransferência que negue ou afirme a angústia deste indivíduo, porque é seu desejo e necessidade que ele faça uma escuta de si mesmo para dar vazão ao seu conteúdo represado.

Então o estado de vigília sai da fase narcísica e se põe as profundezas de um sono profundo, em que poucos conseguem cambalear até os aposentos para adormecer o corpo no divã da nau. Onde o contato com o inconsciente irá ser mais denso e profundo recebendo status de real em sonhos que antecedem o amanhecer do dia seguinte.

É o segundo estágio de sonho, sendo o primeiro característico da hipérbole do navegante, que está além da compreensão humana, está além da incorporação do objeto, está além da excitação e da vaidade humana, porque é inconstante, talvez não inscrita em uma linguagem significada, embora seja significantes que se sobrepõem, sobre o limite do corpo que padece pelo limiar do álcool que nivela as aflições para fazer o tripulante ter com São Jorge e seu Dragão Mítico no mundo dos sonhos, no mundo dos justos, onde se crer que é liberto para manifestar tudo o que verdadeiramente o é.

Autor: Max Diniz Cruzeiro

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