52267 - Escuta - 01/11/2016
Escuta
Escuta é um processo de
compreensão de estímulos proveniente do ambiente em que seja possível apreender
sistemas metacognitivos para o desdobramento de processos de intelecção.
Ela parte do princípio, que
o sujeito agente de uma escuta, um observador do ambiente, em que um realce de
sensibilidade torna o indivíduo um expert em coletar informações que possam ser
úteis para a compreensão de um fenômeno.
Esse processo de escuta não
é realizado apenas por intermédio do aparelho auditivo, envolve uma somatização
de sentidos em que se permita experimentar a coisa que se encontra sobre o
ambiente.
É um se colocar no lugar da
coisa observada para medir como o impulso flui através do que se apreende como
noção do objeto observado.
É um não interagir, que se
promove através de uma interação sobre o sinal, que ao ser canalizado denota
como a coisa verdadeiramente deve ser.
É uma consciência que se
fixa para o não julgamento da coisa observada, e em vez disto procurar através
do distanciamento de si mesmo, ser a noção projetiva da própria coisa
visualizada.
É migrar para dentro de si a
coisa e compreender como ela se translada através da própria excitação que se
vincula ao estímulo capturado.
É o exercício de um não
julgamento e também de um não sistema valorativo para fazer com que elementos
internos não venham a distorcer o fenômeno observado.
É deixar que os elementos
que formam a coisa observada sejam incorporados dentro do interior do indivíduo
que observa sem deixar que eles se misturem com os já forjados pelo íntimo do
indivíduo. E mesmo depois do processo de escuta indexar a coisa observada
partir para um processo comparativo, entre o objeto e uma linguagem estruturada
que sirva de suporte para explicar através da teoria a coisa observada.
E nesta comparação não
deixar emergir dentro do contexto interno aqueles elementos que podem danificar
a personalidade do indivíduo que escuta.
É caminhar por um caminho
sem se confundir com as belezas que ele pode sinalizar para distrair sua
psique, e em vez disto, servir de simples transeunte que deixa todas as
abstrações em seus devidos lugares sem se prender além daquilo que é necessário
apreender do argumento que se mostra projetivamente sobre a psique humana.
É um permanecer imóvel, em
sentido conotativo, enquanto o objeto observado se locomove. E assim, ser
possível compreender várias nuanças e perspectivas da coisa observada.
É ser invisível para a coisa
observada enquanto ela passa por mutações e transformações sem ser condicionada
a presença do observador.
É nutrir um desapago pelo
objeto, em que o sentimento é vazio, não existindo afeição pelo elemento
observado, porque se assim for, uma parte do observador iria se adicionar ao
processo de escuta, descaracterizando assim a precisão de um observador.
É um fusionar e se integrar
ao objeto de forma inerte cujos efeitos são produzidos apenas por quem está
ativo no ambiente, o observador não está operante por este ponto de vista, é
vazio de desejo, é vazio de localidade, é vazio de temporalidade.
É um instanciamento da coisa
sem a presença do ego do indivíduo observador. Em que um novo ego com ausência
de um supereu passa a interagir livremente por um tempo enquanto o processo de
escuta está sendo desencadeado dentro do indivíduo observador.
É incorporar o padrão da
coisa observada sem interagir. E se esquecer por um tempo do sou, do ter e do
possuir. E não atuar o eu dentro do padrão da coisa visualizada.
É ir além de se mesmo. E
neste instante deixar de se notar, para dar vazão à essência da coisa
observada.
É ser capaz de se anular
para que a compreensão seja plena em si, da coisa alheia.
É ser capaz de se
neutralizar para servir de suporte para a compreensão da coisa capturada.
É um utilizar de uma
intuição referente ao ordenamento da coisa pela coisa, e esquecer-se de si
mesmo no instante que observa, mas não ser displicente para a incorporação da coisa
dentro do seu próprio eu.
É ser sóbrio, onde sobriedade
é sinônimo de parcimônia de si mesmo, para distanciar do objeto enquanto a
coisa não é integralmente percebida.
É compor uma música, onde
apenas o objeto observado toca, e o observador ao apreciar, não aprecia, apenas
tangencia os acordes sem incorporar a melodia.
É ser escasso em si mesmo,
mas profundo no deslocamento do objeto, sem desviar do seu real sentido.
Autor: Max Diniz Cruzeiro
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