54516 - Efeito Manada - 26/12/2017
Efeito Manada
O
efeito manada é um comportamento induzido de correspondência grupal onde todos
são influenciados por um efeito motivacional de um elemento do grupo que passa
a ser copiado e imitado em seu aspecto de correspondência, apresentando um
aspecto de fenômeno singular para um aspecto de fenômeno modal em que o grupo
se firma como uma unidade de expressão do comportamento.
O
elemento formador do comportamento de alguma forma é catalogado pelo continente
psíquico do coletivo, que passa como uma posição bussolar a representar o
estímulo percebido em um de seus integrantes do agrupamento.
O
continente psíquico do elemento formador do conteúdo é migrado através do
conhecimento derivado das representações do senso comum, onde a sequência é
observada dentro do setting ambiental.
Como
abelhas operárias que seguem o comando da rainha, os demais elementos do grupo
seguem os impulsos dando origem a sequências similares de atividade motora e/ou
mental no desencadeamento do comportamento que imita o ator principal no ambiente.
Quanto
mais próximo o comportamento exigido para correspondência for do regime de
urgência, da relação de demanda ambiental, mais célere é a observação de um
comportamento de manada dentro de um agrupamento.
Imaginem
a cena em que um indivíduo que esteja dentro de um estádio lotado, e em um dado
momento alguém solta um fogo de artifício que causa um grande estrondo.
Na
situação hipotética, o susto pelo barulho repentino, fazem as pessoas mais
próximas correrem do local, que inadvertidamente começam a gritar que existe um
franco atirador nas arquibancadas.
Os
demais instantaneamente se apavoraram, e mesmo sem perceberem pessoas feridas
por tiro associam os gritos a uma cena de terrorismo e o efeito coletivo começa
a se propagar até que todo o estádio comece a se deslocar em direção aos
portões para sair daquele ressinto.
As
pessoas mais distantes começam a crer de verdade que estão sendo alvejadas, os
empurrões que por sua vez provocam ferimentos nos mais afoitos, remetem a
impressão de que os tiros passam a acertar vítimas que estão mais próximas da
saída, e a consequência natural é o afunilamento de uma enorme concentração de
pessoas na portaria onde algumas pessoas são esmagadas no portão, outras caem e
se tornam pisoteadas, algumas perdem os sentidos, e outras em prantos
finalmente conseguem sair do estádio e se posicionam sobre a grama a espera de
as autoridades enviem policiais para controlar o tumulto.
Outro
exemplo de comportamento que também desperta o efeito manada é quando um
indivíduo está isolado em uma festa dançando sem parar em um movimento
frenético sem se importar o que as outras pessoas vão pensar e intuir sobre seu
comportamento desordenado.
Nos
momentos seguintes uma comoção faz com que um dos presentes passe a desejar
fazer quórum junto com o dançarino solitário. Em seguida outro indivíduo se
levanta e freneticamente começa a dançar.
E à
medida que mais e mais pessoas observam outros indivíduos que foram dançar da
mesma forma que o primeiro, logo todo o grupo se mostra apto para a dança e
todo o salão está cheio de pessoas a dançarem compulsivamente sem se importar o
que os outros vão dizer do seu comportamento.
Talvez
a chave para despertar o sentimento de consumo, pelo comportamento de um
indivíduo em sua fase de representação, seja um desejar estar em seu lugar que
o faz conectar com o prazer ou pavor exercido pelo elemento principal no seu
modo de agir.
Esse
anotherself que permite a um indivíduo experimentar mesmo que em fração de
segundos de forma temporária, uma degustação daquilo que é vivenciado por
outro, que o faz tecer uma vontade enorme de também representar por realçar uma
lei de sobrevivência ou uma satisfação de uma vontade em trilhar a sensação
dentro de sua psique.
Porém,
o efeito manada pode ser deslocado em sentido positivo ou negativo em relação
ao primeiro indivíduo que desperta o comportamento. No sentido positivo requer
a habilidade para representar na mesma sintonia em que a primeira pessoa que
aflorou a sensação. No sentido negativo, ele desperta a necessidade antagônica
de correspondência onde todos passam a se influenciar contra o indivíduo que
produziu o fenômeno.
No
segundo caso descrito imaginem um vândalo que ao passar em frente de um templo
religioso começa a depredar o local e a fazer restos obscenos em direção ao
local sagrado, então todos os transeuntes param de fazer suas atividades
locais, para tirar num movimento coletivo, satisfação por perceber nele a
imagem de um agressor, e se não for retirado da cena do “CRIME” fatalmente será
encaminhado para um linchamento coletivo.
O
efeito manada pode manifestar um efeito de fuga, revide, alegria, compulsão,
comoção, desespero, aniquilamento, tolerância, amor, desprezo, solidariedade,
fúria, consternação, aquartelamento, sexualização, criatividade, esperança,
depressão, euforia, ...
Geralmente
o efeito manada se manifesta muito rápido e atinge praticamente todo o coletivo
antes de que uma inflexão do pensamento possa coordenar um raciocínio que inibe
o efeito automático da reação grupal.
É
uma espécie de delírio coletivado, onde todos passam a despertar a mesma função
individual no sentido projetado pelo indivíduo precursor do fenômeno. E para
desativá-lo é necessário que todos saiam do transe pelo convencimento de que a
sensação de perigo ou regozijo foi afastado da consciência do indivíduo, e que,
portanto, outras emoções foram projetadas para que se volte à realidade.
Autor: Max Diniz Cruzeiro
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