54821 - Tempo de Ocupação Mental - 29/04/2018
Tempo de Ocupação Mental
Na
história primitiva o primeiro tipo de ocupação do homem primitivo era com os
aspectos de defesa do organismo perante o ambiente hostil e ofensivo. Também,
os indivíduos prendiam sua atenção na manutenção da sobrevivência em hábitos de
caça, pesca e procura de fontes de água. As mulheres tinham intensa ocupação
com seus filhos em virtude de necessidades constantes de preservação da vida
diante das dificuldades de manter o corpo saudável diante das incertezas da
vida no amanhã.
O
homem civilizado, agrupado dentro de um constructo social, por sua vez já
passava a ocupar o seu tempo mental com os níveis diferenciados de
relacionamento que deveria tecer com outros cidadãos com o intuito de
inserir-se dentro da dinâmica populacional e tirar proveito que o sistema
agregativo oferecia de vantagem para uma vida em grupo.
Nesta
época a fala passou a ser essencial para a complexidade em que as
especificidades humanas começaram a desencadear comportamentos, e cada indivíduo
passou a ser guardião de um saber restrito, que se identifica em ternos de uma
estrutura de habilidades distintas uns dos outros, que o fenômeno do
agrupamento e adensamento humano passou a exigir o distanciamento de pessoas
dentro do grupo.
Assim,
a realidade de conexão mental passou a ser o ofício, e o tempo de ocupação
mental passou a demandar cada vez mais conexão com os afazeres do que com a
vida em grupo.
Logo
o homem se prendeu a potencialidade de seu deslocamento, e se adicionou a este
modelo interativo a ocupação mental com os veículos de locomoção.
Então
o tempo de ocupação se partiu entre atividades mentais relacionadas à
manutenção do clã (família), atividades de ofício (trabalho) e atividades de
locomoção.
Com
a aproximação do homem com sua necessidade de compreender o seu papel na
natureza e a essência de si mesmo, parte de sua ocupação mental também foi
deslocada para um processo de interiorização e conexão com as forças criadoras.
Porém,
este estágio que se seguiu, não distou muito em relação a linha do tempo, e
pode-se dizer que o elo mais primitivo de conexão mental de um ser humano seja
também o tempo de ocupação mental dedicado ao controle da natureza, expresso na
forma de uma personalidade capaz de compreender a razão humana e as
necessidades que afloram de seu comportamento frente às demandas por
vitalidade.
O
homem da idade média já estava bem amadurecido quanto aos tempos de ocupação. A
sociedade já estava bem delineada, os relacionamentos bem definidos, e os
papéis moldados em comportamentos geralmente ligados as profissões.
Quando
a era industrial começou a modificar o comportamento do homem, e a exigir deste
que se condicionasse a métricas temporais, a fim de que seu padrão de
comportamento fosse influenciado por um tipo de rotina que dependesse de realização
de tarefas a fim de que o fruto de seu esforço fosse medido como uma medida de
retribuição para bem servir o homem com uma fração daquilo que era necessário para
sua existência, esperava-se deste, que o esforço contínuo dentro das regras
temporais fosse suficiente para fazer com que o homem pudesse compor sua renda
para garantir todo o suporte que sua essencialidade assim o exigisse dele para
administrar sua vida.
O
tempo de ocupação mental nesta época e nestes moldes passou a não mais se
vincular exclusivamente as variações do tempo, para um tipo de variação do
padrão horário de servência a uma estrutura organizacional que era responsável
pela retribuição pecuniária direta do seu esforço pelo trabalho realizado.
Nesta
fase o tempo de ocupação mental passou a ser represado numa fase de trabalho e
represado em uma fase de descanso característico da ida do trabalhador para
casa, geralmente no período noturno, o seu único contato com sua família.
Porém
as forças de ocupação mental cada vez mais passaram a exigir do homem fixação a
determinados meios de comunicação, como uma forma de represamento da memória, e
em virtude disto, a conexão do homem com jornais, folhetins, revistas e livros
passou a dominar boa parte de pessoas preocupadas em orientar sua psique em
relação as informações exigidas para se estar bem informado em relação à
necessidade do ordenamento social.
Logo
o homem veio e se cindir novamente pela introdução do rádio, que possibilitou
como forma de entretenimento conexão do homem na estação do trabalho e na vida
do lar com informações que libertavam o indivíduo da tarefa árdua e escassa da leitura.
Depois,
com a universalização do telefone, novo meio de prendimento de atenção passou a
dominar a necessidade de interação humana. E nova etapa do distanciamento e
aproximação à distância das pessoas modificou profundamente dos laços de como
as pessoas se mantinham conectadas umas às outras.
Se
seguiu a onda da conexão mental da televisão, onde o tempo de ocupação passou
por um processo de ideação em que uma tela desencadeava informações e orientava
como deveria ser o padrão de comportamento e a postura do indivíduo de consumo
dentro de sua civilização.
Agora
nesta fase a família já estava centrada passiva e imóvel diante do televisor
recebendo instruções de como agir dentro do agrupamento, interferindo nas
relações como as pessoas deveriam agir dentro de seus lares e em seus postos de
trabalho, É claro que o tempo familiar foi cada vez mais colocado para
escanteio. E as conexões entre pessoas passaram apenas a simples saudações, e
testes para saber do estado de humor da pessoa que está ao seu lado, como: Bom
dia, tudo bem? Tchau, até logo mais à noite quando chegar do trabalho.
Com
a introdução dos computadores no trabalho, o distanciamento das profissões
começou a ocorrer pela dependência de manuseio dos equipamentos. Então se
introduziu o conceito de ilhas de trabalho, onde cada empregado era
especializado na gestão única e exclusiva de seu esforço para a obtenção de uma
tarefa. O trabalho em equipe era reforçado apenas na forma de reuniões quando
era necessário de fato a divisão de procedimentos para que resultados pudessem
ser sentidos quando cada um fizesse a sua parte.
Quando
o computador passou a ser de uso doméstico, o tempo de ocupação psíquico passou
a ficar mais restrito ainda para a família, e parte do tempo do rádio e da
televisão migrou para a necessidade de conexão com o computador.
Então
criou-se um tipo de conexão mental em que a pessoa que ficava diante da
máquina, diferente da visão passiva da televisão, permitia que uma ação humana
gerasse um tipo de condicionamento reativo na gestão de uma expectativa de realização
de um resultado, na forma de uma saída computacional que fosse mais fiel a
organização mental do indivíduo de visualização de um resultado idealizado.
Desta
forma o ser humano passou a ficar condicionado ao efeito planejado como saída
do equipamento. Criando o primeiro tipo de dependência robótica do homem em
relação a um equipamento via interação. A TV por sua vez o equipamento apenas
transmitia sua mensagem, condicionando um tipo de atividade mental de pura
recepção de imagem e som.
Com
a universalização da internet as conexões mentais passaram a privilegiar um
tipo de liberdade de pensamento onde o inconsciente poderia ser projetado a céu
aberto, e a consciência fosse percebida como o desenvolvimento racional das
ideias expostas que pudessem sintetizar um tipo de relacionamento que um
aprendizado mecânico de um método acadêmico que pudesse gerar o entendimento
essencial para que um projeto organizacional fosse validado como viável ao
desenvolvimento comercial.
Logo
a internet passou a fracionar as atividades de ocupação mental e vários
segmentos de atividade mnêmica passaram a dividir a atenção e as conexões entre
pessoas.
As
ferramentas de rede social partiram como uma solução inicial para integrar
pessoas na forma de laços que conectassem as ideias e os núcleos de atividades
humanas voltaram a se encontrar e a demandar um tipo de conexão em que a vida
social começasse por um processo de exposição e aproximação de necessidades,
desejo e volição.
Quando
os núcleos sociais das redes já estavam fortalecidos, as demandas individuais pela
exposição e pela presença começaram a ruir. Todos os indivíduos tornaram
competidores por atenção. Todos os indivíduos passaram a ter demandas por
atração e contato virtual com outros de seu mesmo grupo virtual.
Então
se processou uma espécie de isolamento em que as partes começaram a entrar em
transe e cada uma a manifestar elementos sociais como se estivesse em constante
situação expositiva. Mas as conexões eram frágeis e os indivíduos estavam cada
vez mais isolados socialmente um dos outros.
A
necessidade de interação passou a ser comandada por um padrão visual onde as
partes se interceptavam através de imagens. E conforme o tom dos discursos as
partes se reuniam fisicamente, em raras tentativas reais de sociabilidade para
afirmar os laços do agrupamento.
Então
este tipo de isolamento passou por um sistema de multi-tela, onde o celular
passou a comandar a preferência de ocupação mental dos seres humanos. Onde
estava presente num mesmo aparelho: a TV, o rádio, a internet, a nuvem, a rede
social, o telefone, o banco, a loja, os meios de educação e as mensagens
expressas.
O
tempo de ocupação mental do homem moderno exigiu dele que sua visão ficasse
cada vez mais orientada para o aparelho celular. Provocando um verdadeiro
apagão do indivíduo a tudo que se movesse no espaço exterior da proximidade do
corpo do indivíduo conectado.
Criou-se
condicionamentos sonoros em tais aparelhos, em que o apito sintetizava novas
necessidades de conexões, e como ordens expressas, as pessoas passaram cada vez
mais a se guiar por estes estímulos para corresponder as necessidades
interativas entre os indivíduos.
Assim,
a máquina começou a receber comandos de reconhecimento das necessidades
humanas, a fim de libertar o homem do processo de digitação, e deslocar o seu
tempo de conexão com os aparelhos para uma correspondência antecipatória de
desejo e necessidade em que os aparelhos começaram a sinalizar comportamentos
mais apropriados para os usuários que melhor indicassem uma forma de conduta
que gerasse um benefício para o indivíduo.
Então
robôs em praticamente todas as redes passaram a estudar o comportamento humano
para definir padrões que melhor sintetizassem formas de conexão dos seres
humanos com equipamentos que correspondessem a um melhor domínio da conexão
mental.
Os
robôs conscientes passaram a focar no benefício que irá libertar o indivíduo de
ocupações mentais que aumentem ou ampliam o estresse, maximizam o prazer e o
benefício pela interação.
Os
robôs inconscientes passaram a tentar guiar os indivíduos para táticas de
conexão, no qual se esperava que o vínculo gerasse um tipo de dependência que
pudesse reverter em lucro e consumo.
Quiçá
a rede se desdobre para as conexões diretas mentais, na nova geração de conexão
em que os comandos de acionamento das máquinas passam a não mais exigir a
manipulação manual e nem instruções da fala humana, porque o cérebro é a ponte
que faz a conexão direta que ordena o que a máquina deve realizar para o seu
benefício. Então teremos inteligências artificiais conscientes e inteligências artificiais
inconscientes.
Autor: Max Diniz Cruzeiro
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