72 - PERCEPÇÃO E REALIDADE: a estruturação do conhecimento - 12/10/2013
CRUZEIRO D. , Max1
Pós-graduando em Psicopedagogia Clínica e Empresarial – UCB
Este estudo versa sobre a Percepção
como um registro mnemônico capaz de gerar realidades individuais e de massa que
diferenciam individualmente, e as distorções que envolvem os fatores da
multilinearidade do pensamento que são responsáveis pelos entraves no processo
de não aprendizagem por não representarem a Realidade fabricada pelo indivíduo
ao processar as informações em seu cérebro.
Palavras-chave: Cognição, Aprendizagem,
Percepção, Realidade.
This study focuses on the Perception is a record
mnemonic able to generate mass and individual realities that differentiate
individually and distortions involving factors multilinearity of thought that are
responsible for the obstacles in the process of learning not for not
representing Reality made by the individual to process the information in your
brain.
Keywords: Cognition, Learnig, Perception, Reality.
A plasticidade
cerebral permite que um indivíduo coordene sua capacidade intelectiva e
possibilita um sistema autopoiético de ajuste das suas reais necessidades. A
alegoria de Platão (MORGAN, 2011, p. 216) traz a importância entre percepção,
realidade e conhecimento. Fatores como o continuísmo, a cegueira grupal, a
sexualidade reprimida, a repressão, negação, transferência, fixação, projeção,
introspeção, racionalização, formação de reação, regressão, sublimação,
idealização e desintegração, elementos e valores sociais, significação da
morte, da vida e da imortalidade, ilusão do controle, ansiedade, mecanismos de
defesa individual e grupal, links transacionais, sombra e arquétipos humanos e
a prisão psíquica são elementos extraídos facilmente do mito da caverna e este
trabalho irá abordar de forma dissociada o processo de elaboração mental a
partir de uma percepção do meio, pelo indivíduo, na construção de uma realidade
individual ou grupal.
Entender
as relações em que as pessoas criam com a absorção dos elementos cognitivos
extraídos do meio em que vivem de forma individual ou grupal são fundamentais
para a compreensão dos fatores que envolvem o processo de aprendizagem em
sociedade.
Os
estudos dos fatores cognitivos largamente abordados pela psicologia fornecem
uma estrutura lógica para compreensão de como um ambiente é percebido, pouco se
sabe das relações existentes entre neurociências, psicologia e pedagogia que
afetam a estrutura de aprendizagem de uma criança ou adulto. Estudar tais
fatores levará a uma compreensão maior dos indivíduos tanto ao nível
organizacional como clínico.
O presente estudo é
adequado uma vez que o profissional Psicopedagogo deve adentrar no espaço
interior de seus pacientes. E como fazer isto se não há uma relação lógica
entre causa e efeito que permita um diagnóstico correto? Saber como é o
processo de delineamento que permite a construção de cenários pela capacidade
do Psicopedagogo de trazer para seu campo investigativo a percepção do
indivíduo, visualizando seu espaço psicológico e a realidade mental projetada
por este sobre os fatores intervenientes do processo de aprendizagem.
Sua análise possibilitará
uma maior compreensão de como construímos os pensamentos e sob este prisma irá
proporcionar as pessoas que dele tiverem acesso uma elevação espiritual de como
melhor trabalhar com a máquina humana. Permitirão as pessoas se auto-observarem
e promover uma autocrítica para a geração de pessoas mais conscientes e capazes
de seus atos com uma maior responsabilidade.
Os fundamentos da lógica na
psique humana são complexos, não-lineares, autorreguladores e recombinantes. O
sucesso pessoal está contido na capacidade organizacional do pensamento na
prática das múltiplas inteligências cognitivas de um indivíduo.
Segundo Freud (1940) a psique
humana é formada por três elementos básicos: id, ego e superego. O id é à grosso
modo a manifestação dos instintos, emoções e desejos. Ele por si só não tem
limites e quando um elemento da psique aflora tende a seguir a intensidade na
direção que ele foi canalizado. O ego é a solução encontrada pelo cérebro para
frear o Id. É composto por um conjunto de neurônios que estabelecem critérios
de parada à manifestação de uma ação. O superego é uma estrutura de controle
mais densa, onde é possível o estabelecimento ou amarramento de comandos na
forma de valoração e noção de julgamento de ideias e fenômenos diversos. Quando
um indivíduo situa-se dentro dos limites do aceitável ou tolerável de acordo
com os padrões que ele definiu para si, é dito ÁREA DE MORALIDADE, quando está
no limiar é a ÁREA DA AMORALIDADE e quando ultrapassam tais limites os
pensamentos e atitudes caem na IMORALIDADE.
Figura
1 – A psique humana na concepção Freudiana do ponto de vista cartesiano.
A formação de um senso crítico
requer criatividade mental onde o indivíduo deve ser capaz de criar um EU
Psicológico que saiba distinguir a interconectividade entre os fatores de ação
e reação do ciclo mental do processamento do pensamento.
Já as Ciências Cognitivas são
aquelas que se preocupam com o aprendizado de forma epistemológica, ou seja,
sua origem, natureza e limites do conhecimento, com fundamentação empírica
(observação experimental) que trabalham com fatores que envolvem os
subprocessos de: atenção, percepção, memória, tomada de decisão, resposta
motora, raciocínio, valoração, juízo, imaginação, racionalização, pensamento,
emoção e linguagem (Fialho, 2011).
Outro aspecto importante numa
esfera macro é a ética. Ser ético é estar envolto por uma "consciência
moral" onde há privilégio do coletivo/social perante o individualismo nas
práticas de conduta que regem um comportamento institucional/profissional
(Platão, 387 a.c). A ética evoluciona-se à medida que novos conceitos são
formulados. Existe uma lacuna ética quando uma nova proposição é validada e
toda a sociedade é levada a raciocinar se aquilo será um "bem" capaz
de suplantar a ética anteriormente descrita e considerada válida.
1. PERCEPÇÃO HUMANA
A percepção do meio ou ambiente onde
um corpo tridimensional se desloca é na realidade uma abstração das
propriedades de radiação em que são desprendidas dos objetos dispostos na malha
de energia condensada (Cruzeiro, 2007). Essa atração dos fatores físicos e
químicos na direção de um indivíduo é chamada de estímulos. E entram pelos 5
sentidos humanos ativando por excitação ou inibição os neurotransmissores e
neuroreceptores que por assimilação aprende a cada novo estímulo a canalizar e
distribuir pelo cérebro e todo corpo, o aprendizado conquistado sobre o meio
que o cerca.
Para Freud (MORGAN, 2011, p. 224) os
impulsos são canalizados para fazerem parte do consciente – uma vez controlados
– ou para o inconsciente, como um banimento quando resultantes de significação
e utilização imprópria. Então o processo de percepção a todo instante é regrado
por momentos de repressão, negação, transferência do impulso para outro foco de
atenção, fixação mnemônica, projeção de sentimentos, introjeção pela
internalização de fatores externos, racionalização, formação de reação quando o
fator reativo não é intempestivo, regressão pela retomada de conhecimentos
anteriores a um fato, sublimação pela aceitação de algo pela elevação da
reação, idealização quando procura pelos aspectos positivo em detrimento dos
negativos e a desintegração que visa a eliminação ou isolamento de aspectos
psíquicos ao bom.
2. REALIDADE
A existência é definida como um
conjunto de elementos perceptíveis pelos sentidos, mas na realidade não passa
de meras abstrações de capturas singulares de fleches energéticos ao atingir
uma massa que se desloca no tempo (Cruzeiro, 2007).
Esta massa, assim definida por
Einstein é o desdobramento de sucessivas variações de energia que se apresenta
de forma condensada e compacta sobre determinadas leis de conservação e
luminescência.
A realidade é algo inerente às
semelhanças de amplitude da variação energética de cada objeto. Então se
comparada à percepção que um ser vivo tem de uma pedra, esta percepção irá
variar de indivíduo para indivíduo e não encontrará exatamente a mesma
frequência de vibração colhida pelos sentidos. Agora, as faixas de vibração
molecular, para indivíduos de mesma espécie, espera-se que sejam semelhantes,
considerando-se todos os outros fatores externos e internos equivalentes.
Assim, quando se fala em realidade
está fazendo referência à parte onde um conjunto de informações se intercepta
de indivíduos entre si. Por isto a necessidade intrínseca que os seres vivos
possuem de fazerem interpretações e interpolações sobre o meio para uma tomada
de decisão.
Um esquema mental de pensamento é uma
forma apenas de ordenar o cérebro para melhor compor o rol de conhecimento que
foi possível extrair do meio ambiente (Cruzeiro, 2012). Não significa que um
conjunto de pensamentos seja correto só pelo seu modo de pensar seja religioso,
empírico, holístico ou científico. Mas eles se estruturam em formas elementares
de catalogar informações primárias e transformá-las em realidades ou abstrações
do interpretar ou criar uma lógica de pensamento onde é possível relacionar
causa e efeito a estruturas neurais próprias de cada indivíduo.
O que é lógica então? Não seria
apenas uma forma inteligente de encadear ação e reação para facilitar a
catalogação de novas abstrações? E onde entra a memória? Não seria uma forma de
catalogar abstrações pelo uso de similaridades, ou para assim dizer da lógica?
A lógica Darwiniana sobre a teoria da evolução das espécies ou a lógica do
Criacionismo está correta? A verdade, ou melhor dizendo, a realidade é que
ambas são abstrações que interpretam melhor arranjos ou modelos mentais de
pensamento de acordo com a particularidade de cada indivíduo que a armazenou.
Até mesmo as pedras têm sua memória!
A relativização do pensamento, ou da
realidade, insere-se na manifestação de múltiplas funções cognitivas que
guardam portas para a aglutinação de informações catalogadas pelo
compartilhamento sistêmico passado de geração a geração por frequentes mutações
de DNA e incorpora registros de conduta e comportamentos dos antepassados
quanto as transformações físicas e químicas do tridimensional sobre o tridimensional
(Cruzeiro, 2007).
3.
O PROCESSAMENTO
COGNITIVO
Segundo Fialho (2011) o pensamento conservador da ciência cognitiva
interpreta os indivíduos como sistemas que têm a capacidade para receberem
entradas, processarem as informações e emitirem saídas. O autor descreve também
que para Maturana e Varela (2001) os seres vivos são estruturas fechadas em
termos de informação e estruturalmente determinado, na visão que a necessidade
interna prevalece sobre a externa.
O conhecimento humano não é um
artefato de armazenamento na memória, nem tão pouco uma cópia da realidade, ao
contrário, é ação efetiva.
Fialho, F. Psicologia das Atividades Mentais.
2011
A aprendizagem pode ser vista pela
tríade indivíduo-tarefa-contexto sendo assim um elemento metassistêmico. Ela é
uma construção sócio-interativa intra e interpessoal (Aprendizagem situada)
compartilhada.
O processamento
cognitivo ocorre por função simbólica que requer domínio cognitivo e
linguístico por parte do indivíduo. É um processo de raciocínio cíclico que
envolve: busca sistêmica, rotação sistêmica, exploração de novidades e
imitação. (Fialho, 2011)
4.
INDIVIDUALIDADE
E COLETIVIDADE
O conhecimento na
visão sistêmica de Brown, Collins e Duguid (Fialho, 2011), está integrado na
interdependência entre atividades, conceitos e cultura. Para estes autores o
conhecimento não é individual e parte da junção de informações entrelaçadas que
incorporam novas estruturas do saber. A realidade é do ponto de vista do
indivíduo interna.
O ser humano habita a caverna platônica
e tudo que acessa são as sombras projetadas nas paredes distorcidas do córtex
cerebral.
Fialho, F. Psicologia das Atividades Mentais.
2011
Individualmente a realidade é fruto
de fatores de metalinguagem, metacognição e metafísica que se correlacionam com
outros fatores socioambientais. Já o coletivo particiona o conhecimento
maximizando a concepção de problemas para a construção de um saber amplo e
uniforme que atenda as necessidades do grupo.
5.
O PAPEL DO PSICOPEDAGOGO NO ASPECTO DA MUDANÇA INTERNA NO INDIVÍDUO
A percepção como
geradora da realidade social limita os indivíduos a esferas de aprendizado,
rotina e aplicação de conhecimentos. Cabe aos psicopedagogos orientar,
observando o espaço psicológico, sistêmico-sócio-ambiental dos indivíduos para
criação de cenários e assim, fazer com que o indivíduo possa fazer uma
metacrítica para a construção de um ser mais capacitado e consciente de suas
reais necessidades. (UCB, 2012)
Reconstruir,
reavaliar, reafirmar, auto-observar, o autocontrole, o autoajuste são os
resultados esperados dada uma intervenção de um psicopedagogo sobre um
indivíduo para que ele possa auto-desenvolver-se em um mapa mental ou modelo
neural que melhor adapte sua relação consigo mesmo e com o grupo em que está
inserido. (UCB, 2012)
6. CONCLUSÕES
A passividade que
os seres humanos adquirem frente a uma tomada de decisão está ligada no
comodismo frente à canalização de percepções já testadas e validades
internamente no organismo humano.
O não uso da
epistemologia, a crença que o homem é fruto do meio e não um fenômeno holístico
por si só e a falta de auto-observação tornam os indivíduos reféns da caverna
mitológica de Platão, onde o modelo neural de pensamento está condicionado a
fatores de ação e reação, input e output, reafirmação de percepções já
experimentadas e anulação para o novo tornam as pessoas vítimas de sua
experiência ou essência como indivíduo. Não representando assim um ser na sua
forma primordial, uma vez que está “morto personalisticamente” e tornar-se
rebanho no meio da multidão que vive em alimentar percepção que apenas replica
o que é dito, escrito, visto e degustado.
O papel do
psicopedagogo está além de fazer o indivíduo retornar à fase de aprendizagem, é,
portanto, torná-lo consciente de si próprio como um indivíduo capaz de
classificar as percepções, ordená-las, descartar os ruídos, escolher o que é
bom para si e para a sociedade, para agir com consciência de propósito como um
ser planetário e universal.
A compreensão dos
aspectos levantados acima permitirá ao psicopedagogo provocar uma intervenção
consciente sobre o modo em que os indivíduos percebem a realidade que os
compõem, aspectos estes, sensoriais, vitais para a acumulação e continuidade do
conhecimento.
7. Bibliografia
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http://www.lenderbook.com > Acesso em:
12/10/2013.
Autor: Max Diniz Cruzeiro
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