939 - Inimigo Meu - 05/01/2016
Inimigo
Meu
Para sair da
escravidão e atingir a perfeição é preciso ousar.
O fenômeno de realce
é um dos principais entraves para o desenvolvimento da consciência humana, ela
reproduz dentro dos indivíduos a conexão com elementos difusos que solidificam
a imagem do inimigo como ente formador da percepção humana.
O realce é um
princípio que rege toda a relação aos pares que é formada do encontro de duas
ou mais pessoas. Para que fique bem entendível este elemento que eleva o
sofrimento humano, não será este texto condicionado a um limite de linhas conforme
o padrão dos artigos que produzimos.
Quando alguém
absorve uma sensação, logo transcende sua incorporação do físico para a geração
de uma vibração mais conhecida como sentimento, e este por sua vez transcende a
mecânica do corpo para a reprodução de pensamentos que irão sintetizar aqueles conteúdos
absorvidos pelo indivíduo.
Então ao absorver um
conteúdo, quando este é agradável ao indivíduo ele necessita desencadear dentro
do seu organismo uma excitação elétrica para manter por mais tempo o conteúdo
ativado em sua psique. A necessidade deste prendimento da corrente elétrica na
forma de um circuito neural é para fazer com que o conteúdo tenha um registro
mais significativo que o faça repetir a experiência mais vezes quando acionado.
A este efeito de sobrevida de um estímulo da cadeia: sensação, sentimento e pensamento
segue a existência do elemento cognitivo chamado de realce.
O realce aproxima de
você aquilo que você está canalizado a reproduzir incessantemente em sua vida.
E tudo que se move em sentido contrário àquilo que você está orientado a
absorver é combatido pelo seu organismo, na mesma forma que te desperta outras
sensações, sentimentos e pensamentos.
Porém você não vive
num mundo isolado. E quando você está em conexão com outro indivíduo e sobre
você se reproduz um efeito de realce, você sem querer desequilibra a relação
estável entre você e o outro que está interligado em um dado instante.
Então um tempo é requerido
da outra pessoa, para que ela absorva a nova informação, que a percepção
corpórea da interação transmite algo percebido além da frequência em que o par
que se relaciona neste momento estava acostumado a interagir.
A consequência
direta no outro é uma inflexão do pensamento, mais ligado a uma reflexão do ter
e do possuir, que condiciona o olhar do indivíduo a imaginar na transposição do
ser que comunica, para sentir a sensação de prazer que está sendo alvo de
transmissão de uma ideia-pensamento.
Então o sujeito se
dá conta que está ilustrando uma fantasia de ser possuidor de algo que é
experimentado pelo outro, então passa a se afetar dentro da perspectiva que seu
organismo, pela ativação das funções orgânicas, se ressente por não possuir o
elemento novo que está sendo evidenciado pelo indivíduo emissor e assim cria-se
uma rotina de prendimento da atenção no foco do conflito gerado em seu interior
e passará a perseguir, na forma de um complexo (conjunto de circuitos neurais),
aquela sensação boa vista no outro que também deve ser conquistada.
Porém o sujeito
gozoso, pelo realce da conquista, ao perceber este lapso do outro quando lhe
transfere uma informação de elevação de sua autoestima, passa por uma situação
similar de conflito onde pode se apropriar de um leve contraste facial como um
indício de que o outro carrega sobre si, sensações, sentimentos e pensamentos
que não refletem uma conduta merecida para a partilha do relacionamento.
Assim, receptor e
emissor da mensagem se frustram, por não compreender a lógica de funcionamento
do realce, em que na realidade ambos compartilham dos mesmos sentimentos, porém
em contrapartidas diferenciadas, pois o sentido de interpretação da mensagem
alheia é afetado pela lógica do equilíbrio e se espera que seja gerado uma
homeostase (equilíbrio dinâmico cerebral) a partir das interações seguintes
ente os dois seres.
Então as pessoas
afetadas pela adição de conhecimento se afastam e se tornam vítimas da falta de
conhecimento dos processos que o sistema de comunicação desencadeia de forma
natural para a resolução das necessidades humanas.
E o indivíduo que
teve uma prévia de ressentimento, seja ele emissor ou receptor coadunam com uma
lógica de pensamento que tenderão a recorrer as mesmas cenas que geraram a
percepção do conflito.
E a aproximação
destas situações parecidas, não ocorrem por acaso, mas sim pela ativação de um
estado de alerta em que o indivíduo se torna mais propenso a observar em toda a
situação aquele aspecto que prendeu a sua imaginação.
E quando a pessoa
menos percebe ela está envolta em um mar de intrigas, insatisfeita com o mundo,
intranquila e insegura, e por uma questão de desconhecimento não foi capaz de
evidenciar a origem deste conflito.
E sobre os
pensamentos se rompem uma infinidade de conteúdos que se associam ao fato
original, provocando a lei de preferência e o deslocamento de muitos indivíduos
para a margem do pensamento seu que está em pleno processo de rivalidade com os
pares.
Destas relações
surgem o egoísmo, a inveja, o delírio, o ciúme, a intriga, a ignorância, o ódio
e o devaneio.
E quando o indivíduo
solidifica dentro de si uma estrutura cognitiva afetada por uma linguagem que
transformam os conceitos em uma linha de raciocínio coesa, então cada qual,
emissor e receptor, condicionados aos seus princípios e sua retórica criam um
ambiente hermeticamente fechado dentro de si em que um encapsulamento somático
passa a trabalhar somente dentro da linha de raciocínio gerada, na forma de um
padrão de comportamento que segue um mesmo princípio de ativação.
A pessoa estando
dentro deste padrão, passa a raciocinar dentro de um eixo fixo de pensamento, e
toda vez que ver uma figura de realce dentro de um indivíduo, por estar
enclausurado dentro das convicções do seu quadrado, não irá refletir de outra
forma a não ser querer se inserir dentro do prazer do outro, ou afastar o
indivíduo porque não será possível ter sua satisfação garantida ao lado da
pessoa que está se relacionando naquele instante.
Entenda
relacionamento como sendo um encontro qualquer casual entre duas pessoas que
faz em um dado momento uma ligação que permite duas mentes estarem conectadas
em uma sinergia que possibilita a troca ou permita de sensações, sentimentos e
pensamentos.
Como este processo
de geração do padrão é algo cíclico, à medida que o indivíduo envelhece a percepção
comum é tornar cada vez mais complexo o problema da interação com outras
pessoas.
Então há que supor
que chega um ponto do processo de convivência que a linha natural do pensamento
para aquelas pessoas que não cuidaram para perceber como tais elos são formados
em seu interior, é um surgimento de uma profunda aversão por muitas pessoas que
não se enquadram dentro da estrutura padronizada ao qual ela foi capaz de gerar
para sua vida.
O grande desafio de
todo ser humano é perceber que esse limite de afetação não pode ser mais forte
que o convívio humano que se nutri com outros indivíduos.
O limite ao qual me
refiro é uma instancia que delimita a percepção do pensamento. É o ponto de
inflexão que o indivíduo prefere abastecer a sua relação com o mundo. Em outras
palavras é o condicionamento que permite uma pessoa inferir e passar a se
organizar na dosagem certa que sua preferência de manifestação de seu livre
arbítrio interfere sobre a quantidade de cubos de açúcar no café que você
adoça. Sua mente ficará condiciona a um limite que te agrada e que você
chegando a um nível de açúcar menos significativo ao que você está acostumado
ou ultrapassando a dosagem dos cubos de açúcar não irá ter uma sensação que lhe
dará prazer, ou se espera que não tenha.
Isto porque o padrão
que você gerou para sua vida não lhe permite visualizar outras formas de
interações e saídas possíveis para você transformar o seu ambiente.
Então o ego surge
como uma solução para nortear comandos cerebrais, mas a evolução etária de sua
psique provoca com o tempo este represamento de ideias que pode te tornar refém
da continuidade dos processos.
Não existe
liberdade, se um indivíduo não for capaz de ousar sair destes limites, do
quadrado que o cerca, gerado no instante de percepção inicial onde a brevidade
do contato, pelo realce, gerou a estranheza de um fato em sua mente.
A escravidão de um
gera a escravidão do outro através de princípios de afetação diferenciada. E
quando se percebe toda a humanidade está encadeada de conflitos porque as
múltiplas percepções dos devaneios se somam a lógica que irá determinar a
vocação de uma sociedade.
Para exemplificar:
Ana está diferente,
apresenta muita alegria, isto incomoda quem está próximo e logo alguém do grupo
lança uma pergunta. – O que te faz feliz hoje, observei um sorriso em seu
olhar? Ana logo diz que conseguiu trocar de carro e que seu projeto de vida é
logo quitar a dívida que fez e aproveitar o veículo que tem ar condicionado.
De imediato o amigo
se solidariza com Ana, mas no fundo reflete quando poderá comprar seu veículo,
ou compara a marca do veículo com aquele que possui, ou idealiza a troca do seu
veículo também.
Aquele pensamento
passa a acompanhar inconscientemente as duas pessoas. E logo, o telefone toca,
e sua irmã toda feliz avisa que acabara de comprar um veículo. Sobre as mesmas
condições se irrompe uma séria de perguntas e votos de felicidade.
O olhar de Ana não
irá se satisfazer enquanto ela não identificar que a percepção que ela teve de
concordância do amigo é verdadeira, e no primeiro sinal de discordância, ou
afetação do outro indivíduo ela irá projetar em sua mente uma relação de estranhamento
que levará ao raciocínio falho e de afastamento entre as partes. Assim se
reproduzirá o mesmo efeito que leva a apreensão do pensamento em relação a
irmã.
E quanto mais este
estranhamento vai incorporando dentro da pessoa, maior será a vinculação de
outros relacionamentos em que o direcionamento das perspectivas indiquem relações
de afetações semelhantes.
E o motivo troca, o
outro está feliz por ser pai. E você se desloca para entender que você ainda não
foi capaz de gerar um filho. E passa a nutrir um vazio de pertencimento que não
diz respeito a ti, mas se mostra evidente na conquista do outro.
Pode ser que nesta
relação você começa a fabricar dentro de si os elementos de agressão ao próximo
que reduzem as chances de interação entre as pessoas.
Mas apenas aquelas
pessoas que compreendem tais relações são capazes de fazer da equação
necessária de equilíbrio a oportunidade de crescimento que você tanto esperava
para também em algum aspecto se auto incentivar para a progressão do seu desejo
em sintonia de propósito com os que te acompanham.
O realce não é
pecado, é o exercício dos processos de comunicação. Cabe a cada indivíduo
identificar as equações de nivelamento que a cada nova informação necessita ser
balanceada dentro do indivíduo.
O fato de um indivíduo
fazer comparações, é exercício também da necessidade interna de cada um de
promover dentro de sim um posicionamento que permita ser influenciado e
influenciar os indivíduos cuja interação é motivo de agregação.
A evolução do
pensamento deve ser alvo de constantes observações a fim de que as
externalidades negativas não transformem a vida de um indivíduo em um mar de
sofrimentos, tempestades e privações de sentidos.
O sentimento de
posse e pertencimento são dignos dos seres humanos, porém devem estar
estabelecidos dentro das métricas e situações que verdadeiramente eles devam
estar encaixados.
A escravidão é uma
perda da liberdade sensorial, onde a vontade do indivíduo está encarcerada
sobre os limites que norteiam sua percepção.
Se a pessoa não
conseguir ousar quando adulta, jamais irá conseguir se libertar e recuperar os
elos positivos de sua vinda neste mundo.
Para isto exige que
a pessoa seja capaz de sair do seu limite. E sair do limite exige que a pessoa
se permita cadenciar no risco de ter percepções que ainda não foi capaz de
gerenciar.
E sendo assim, ser
capaz de se impor novos limites, para fazer destes a expressão de um indivíduo
mais reflexivo para com o mundo. E não ter medo de se influenciar, e ser
influenciado. Pois todos estes elementos fazem parte da contemporaneidade da
vida.
Nunca é tarde para
você sair do padrão que construiu e descobrir novas percepções e que existe uma
vida dentro do quadrado que limita o seu conhecimento.
Max Diniz Cruzeiro
Psicopedagogo
Clínico e Empresarial
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Clínico
Estudante de Teoria
Psicanalítica
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Autor: Max Diniz Cruzeiro
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